segunda-feira, 24 de agosto de 2009

A vontade


Você vem assim, como um leve descompasso que chega compassando sorrateiramente a minha vida. Os nossos desatinos são os únicos que atinam para as nossas vontades. Sem pedir a menor licença, aí está você, mais uma vez. Pronto para me derrubar a qualquer momento - na vida, na cama, na lama. Eu vivo na corda bamba. Te deixo chegar, pode vir. Também quero você por perto, pelo menos por enquanto. Existem pessoas que acendem enquanto todas as outras estão opacas diante de olhos que procuram por luz. Pessoas que merecem a doçura do carinho, o crédito da foto, o justificar do versar. Diferente de outras que não merecem a entrega da confiança, o sonho da aliança e o encanto do amar.

Os momentos voltaram. Os bons. Chegaram como quem ansiava por revivê-los, como quem tinha saudade. Não, já não é como antes. E não sei o que houve, ainda não tive tempo para pensar. Está ao Deus-dará, como sempre digo. Solto, impreciso. O que passou se amontoou em páginas de uma estória que tinha dado como esquecida. Mas, esses ventos de agosto sopraram tudo novamente e mostraram algumas folhas em branco. Tudo bem, eu escrevo. Sem vislumbre de final feliz de conto de fadas, sem príncipes medievais no século vinte e um e sem promessas e certezas. A princesa, florzinha, gatinha – não importa - agora, só quer contar bons contos.

Quero mais sorrisos, mais abraços. Mais desejo, mais encanto. Quero um canto desafinado que me faça uma companhia despretenciosa. Um cortejo mentiroso que me traga a alegria de um carnaval. Quero um olhar que ria, que alucine, que admire. Um riso que me faça esquecer dos sons, da crise, do release. Um braço que abrace e me amasse debochando do frio lá fora. Quero um carinho sincero, indiscreto, concreto.

Quero ficar à vontade nas vontades. Quero verdade, de verdade.