quarta-feira, 22 de junho de 2011

(de um rabisco esquecido nos papeis de fevereiro de algum verão)

acho que cada um tem que fazer o que quiser da vida. se não quer, não quer e pronto. agora, vai fazer contrariado? forçado? nunca gostei disso. quando não faz, não faz porque não quis. é tão melhor assim, mais sincero, mais honesto. temos que ser fiéis ao que sentimos e acreditamos. o não fazer dele não é problema meu. só me envolve, mas não é problema meu. ele é um que pode me ganhar, mas parece que, simplesmente, não quer. e isso não é feio, é humano, é normal, aceitável. vai viver o que você quer, que eu refaço o meu caminho. sem ressentimentos. só é preciso coragem para por pra fora o que se passa dentro. no fundo, sempre achei que fosse romance de verão. desses que tem check out pré-definido, com direito à carro na porta para te levar para quilômetros de distância dali. e aí olhar pelo retrovisor a pessoa ficando pequena, depois de ver quão pequena ela foi com você. as pessoas se doam. se doam o tempo todo. para alguém, para algo. mas se doam porque querem. se entregam, é tudo questão disso, do simples querer e não querer. pra quê tanto medo, tanta firula? solta logo, libera geral! pra quê ficar alimentando o que já não vai dar em nada do que você espera. o que tem e se vai ter é o que já se conhece, não tem muito o que esperar.

é isso. é vida. é gente.

tão simples, tão simples, que, no fim, nem pareço me importar tanto assim com o que me trouxe a começar esses devaneios e ensaios baratos de "como se viver". cada um que viva como queira. o que seria de nós sem os que vivem errado, os que vivem loucos, os que vivem chatos. é essa diversidade que permite escolha, que permite saber o que querer ou não com certeza. é tudo vida com contexto. é cada contexto que desenha e abriga cada história. gente escreve ao viver. deixa passos, rastro. espalha dor e amor, sem a menor intenção de ser vilão ou mocinho. vai saindo de dentro, sem roteiro. tudo é ação de um instinto natural, extremamente compreensível, já que vem de lugares onde o controle não alcança. é o famoso e clássico e clichê "viver e aprender".

o que é a vida se não aprendizado. não falo de ler e escrever, mas sim de histórias reais. de vida. de gente. de gente que faz, mas de gente que não faz, mas ambas fazem tudo acontecer. é como se Deus olhasse lá de cima cada peça se movendo. às vezes ele sopra, levanta uma ponte e faz todo o contexto e direção mudarem. mas de resto, é tudo resto, é tudo nós, é tudo nosso. um nosso tão grande, tão grande que já é inimaginável. mas nem tanto, já que cabe dentro de cada futuro louco que cada um sonha antes de dormir. ali, quando tudo é possível, e tudo é realmente quase possível. quase é sempre pouco, sempre por pouco.

domingo, 27 de março de 2011

queria me perder em uma prosa só para ouvi-lo falar e gesticular o que ele mal mal entende. saudade dele em um tempo que nunca existiu. é uma saudade de momentos fantasiosos e delírios tão reais que, simplesmente, não aconteceram. eu só quero seu abraço. só quero uma música que, de tão perfeita, eu nunca tenha ouvido. e mais nenhum outro som, que não as batidas descompassadas dos corações que vibram indiscretos em ritmos iguais. ele me faz falta, sem nunca ter existido realmente. é uma passagem, alguns cortes secos e outras doces montagens.

sexta-feira, 18 de março de 2011

é como se eu só o enxergasse em preto e branco ou em sépia ou em um daqueles tons foscos de photos antigas do álbum encardido de família hippie. nasceu na época errada. e veio na época mais do que certa, para trazer toda a nostalgia de um tempo que não viveu para o seu agora. nasceu para me desencontrar nesse único encontro que é o tempo, esse tempo, o nosso tempo. que tempo?

segue tão descontextualizado da massa e tão perfeitamente certo para esse momento. tão incerto nos encaixes tortos da vida descompassada que andamos traçando. que traçamos desatentos, acreditando que o tempo, simplesmente, não existisse e jamais fosse nos ultrapassar. e nesse ultrapresente as esquinas erradas às vezes se encontram em um encontro-relâmpago, mudo, mas de uma luz que cega. e que parece nos cegar para que não nos coincidamos assim tão cedo de novo. para adiar, mais uma vez, o som, seja o vindo de dentro ou o que vai pra fora.

segunda-feira, 14 de março de 2011

agora é como se o sol tivesse mudado de lugar. ele já não te ilumina mais e, assim, também já não me aquece. mas, continua assim, soberano, atravessando raios errados pelas frestas da janela que fechei, que bati num estampido impensado, tão ensaiado na frente do espelho e premeditado ao longo de todas as madrugadas embriagadas que arriscamos na última estação. o calor ainda reverbera esquecido sozinho dentro desse corpo, que anda, para e corre e foge. e como foge. e vai longe, mas não sai do lugar.

é assim como foi e as palavras se calaram. tudo segue mudo, como quem tem medo de errar no que não tem certo ou errado. é como quem anda na ponta dos pés para não acordar aquilo que dorme em sono leve na cama ao lado. um sono leve que por mais que queira dormir pra sempre, espera, inconscientemente, que alguém o desperte e o acorde com um beijo. dizendo, quem sabe, que tudo foi apenas um sonho ruim ou, quem sabe, só mais um sonho de amor.

domingo, 23 de maio de 2010

vivia se escondendo pelos becos escuros da zona sul, sorrindo na farsa da alta sociedade. gozava de mãos dadas ao lado de um homem que não era seu. nada podia chamar de meu. acabou perdeu-se dentro de sim mesma e conheceu os cantos mais profanos de um ego.

até que um dia abriu os olhos e (re)começou.

limpou-se da maquiagem barata dos olhos. buscou sua blusa branca no fundo da gaveta e partiu. jogou meia dúzia de roupas nas costas e bateu a porta de casa num estampido mudo. saiu com cinco pontos finais no bolso. subiu até o décimo andar do prédio espelhado e deixou um por debaixo da porta. era hora de ser forte. nada de beijo, carta, abraço ou amasso. desceu pelas escadas para fazer com que o momento durasse ainda mais e para testar até quantos lances ela desistiria e voltaria atrás. cruzou a rua e virou à direita, seguindo a firmes passos até o fim de uma rua sem saída. sem saída, deixou um ponto no chapéu do menino. para ela, valia muito mais e custava muito mais do que todas as somas de notas que já correram e escorreram ali. até que serpenteou estrada abaixo e parou perto da primeira montanha. os cabelos eram outros. mais curtos e lançados aos ombros, davam movimento ao novo batimento de suavida. bateu na porta e esperou que viesse. suspirou. suspiraram. abriu meio sorriso para que ele completasse a outra metade. e assim o fez. desceu a mão pela cintura e segurou firme os três pontos que ainda restavam...

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Semti

Sempre te senti.
Fosse por perto, com todos os seus beijos, braços, abraços e amassos.
Com toda a sua prosa solta, frouxa, desenvolta, que ia me ganhANDO, CONQUISTando, me per de n do.
Ou fosse de longe, afastados por outros, outras. Por nós mesmos. Era quando eu lembrava das músicas, das conversas sorridas em tardes que só ríamos.

Abafados, os sentimentos sempre viviam afogados nesse mar instável que sempre fomos.
No entanto e com tanto, certo dia eles resolveram vir à superfície.

Foi quando eu senti algo que minha mente, coração, ossos e pulmão ainda não haviam sentido por e com você.
Saudade. Simplesmente, saudade.
Não dessas que vivem bocejando por aí. Não essas que dizem sentir.
Eu senti a saudade.
Pude experimentá-la dominando cada parte de mim.
Senti ela latejando e machucando. Já viveu isso?
Senti os olhos lacrimejarem ao ver que eu estava ali, há alguns dias, sem você.
Senti o coração bater apertado, batendo em mim e querendo rebater todas as lembranças que te carregavam.
Senti a mente não conseguir dormir e, com isso, vi ela acordando tudo o que tínhamos vivido até ali.

Comtudo, depois de (re)viver tudo isso, vi que, sem ti, tudo é saudade.
A partir daí, conti todas as lamúrias para sonhar com o que iria viver com ti.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

3

Em doze meses, surgiram, aconteceram e, praticamente, morreram.
Cada um levou alguns dias consigo, outros roubaram as datas dos outros.
Cada um teve seu tempo, seu espaço, sua chance de viver, existir e ser somente o que era, o que éramos.

De tudo, de todos, de tanto, me resta, mais uma vez, a saudade.
Ela, como ninguém, sabe reviver os domingos, comigo e contigo.
Os segredos, escondidos e contidos.
Os risos, com brilho e sorriso.
Mas, como ninguém, não sabe reaver nada.

Ainda estão aqui. Aqueles que bagunçaram todas as estações desse ano, que já quase se despede.
Moram aqui em sonhos, lembranças e desejos.

Pulsando e perdendo compasso. Praticamente, querendo renascer.