sábado, 26 de setembro de 2009

Em resposta, te escrevo.

Peço licença para futuras mentiras, mas, me permita algumas verdades. Quero apenas tornar esse momento mais nosso, já que só dessa forma parecemos mais próximos. Nós, que sempre fomos assim, inconstantes, efêmeros. Distantes. Unidos por uma tênue ligação quase que telepática, que se rompe, às vezes, nos encontrando em meteóricos sinais amarelos. Nunca verdes para seguirmos juntos. Nunca vermelhos para pararmos tudo.

Dessa vez, quem tem vontade sou eu. Queria me perder por essa noite, tão densa, ao seu lado. Descobrir e desvendar seus becos escuros, seus bares sujos e sua companhia. Sentar em uma esquina e ver o negro do céu desbotando à luz do tímido sol que chega inaugurando mais uma manhã. Poder recostar no seu ombro e dormir se assim quiser. Descansar os pés do salto que me sustentou toda a noite, em parceria com as tantas cervejas que viramos juntos.

Quero um botequim, que não feche enquanto nossa conversa versar e nossos olhos se olharem. Quero nossos sorrisos complacentes e encantados, rindo de tanto desencontro. Quero promessas de que eles não mais acontecerão, mas quero que se desfaçam assim que beijar-lhe o rosto, me despedindo.

Ou quero seu quarto. Com todos os filmes, músicas e telas. Com aquele velho violão no canto, que um dia você dedilhou pra mim. Quero poder observar, falar, ouvir. Admiração? Acho que sim. Mas, se quer um destrato, deixo de lado toda a admiração que tenho por ti e venho dizer da maneira tão displicente que me põe em sua vida. Como se não fizesse falta. Te vejo seguir em frente, sempre em frente. Mas, nunca me convidou a andar ao seu lado, a conhecer seus passos.

Contudo e com tanto, e em resposta, te respondo, estou sim, quase explodindo de saudade.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Lado A/ Lado Bê

Vivo o lado A desde que nossa vida enraizou-se em ser feita de desencontros. Vejo que alimentamos tantas intempéries em busca de um tom mais poético, versado. Engraçado, já não lembro a última vez em que nossos olhos pararam um no outro. Pararam para ver, observar, se deixar encantar por cada canto de detalhe, cada esquina que não nos separe.

Lembro de quando me mostrou a cidade, esta, que você tanto ama e versa em versos ora saudosistas, ora decadentes. Lembro de como as luzes brilhavam. Pareciam cintilar e você disse ver o mar, ali, logo depois do limite da claridade.
E descemos a estrada, serpenteando as curvas com frases mal feitas e músicas da velha idade. Aquele momento, tão único, tão último, já se foi há algum tempo. Hoje só te encontro em encontros de desencontros. Passando. Sorrindo. Calado.

Minha fita se esvai. O lado A já quase acaba e já não quero mais essa sequência. Quero você. O lado Bê. Aquele solto, leve. Aquele que vive como quem se esqueceu do que há lá fora, como quem sabe de tudo o que se passa. Quanta coisa passa por debaixo desse chapéu. Quantos versos incertos, mas certos para cada momento. Quanta prosa imprópria, mas tão justificada em sua própria e simples autoria. Quanta euforia sucumbida em linhas complementares. Quantas lágrimas estancadas no gelo da vodka que te embebeda nos invernos e primaveras.

Te vejo em um skate, naquela rua mal iluminada da sua casa. Num deleite entregue naquela montanha perdida que você encontrou um pedaço de mim. Confesso sentir sua falta, a falta da sua presença tão rara e marcante. Tão efêmera e intensa.

O que anda lendo? O que anda vendo? E ouvindo?

O que se passa no lado Bê? Queria poder saber...