quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

3

Em doze meses, surgiram, aconteceram e, praticamente, morreram.
Cada um levou alguns dias consigo, outros roubaram as datas dos outros.
Cada um teve seu tempo, seu espaço, sua chance de viver, existir e ser somente o que era, o que éramos.

De tudo, de todos, de tanto, me resta, mais uma vez, a saudade.
Ela, como ninguém, sabe reviver os domingos, comigo e contigo.
Os segredos, escondidos e contidos.
Os risos, com brilho e sorriso.
Mas, como ninguém, não sabe reaver nada.

Ainda estão aqui. Aqueles que bagunçaram todas as estações desse ano, que já quase se despede.
Moram aqui em sonhos, lembranças e desejos.

Pulsando e perdendo compasso. Praticamente, querendo renascer.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

20

Foi um contratempo do meu tempo, tão incertamente pré-determinado.
Um atropelo de planos, fazendo, inesperadamente, um novo ainda melhor.
Foi um sorriso certeiro. Um olhar focado e um beijo roubado. Um cheiro. E tudo pareceu parar e recomeçar naquele momento. Tudo vivido até ali passou a bater em compassos descompassados, ao passo que, dali em diante, o coração virou bateria do Salgueiro e a vida parece ter ganhado tempero.

Sem passado e sem futuro, éramos o que queríamos ser: um intenso presente. Um presente que dura o espaço da nossa enorme vontade e que, então, vai se arrastando por um futuro qualquer onde basta nós dois para que o imenso passado de vinte dias seja lembrado.

sábado, 3 de outubro de 2009

Volta !

Em meio a tanto, eu senti falta de você e daquele pouco tão muito que me dava.
Daqueles domingos tão vazios e tão cheios de você.
Hoje senti falta daquele sentimento de saudade que eu sentia quando você ia. Doía. Sem seu corpo, seu contorno, o entorno não tinha tanta graça. E eu adorava essa sensação de que você era o riso e a cor de tudo. Contudo, quanto tempo se passou! Os dias viraram meses e aquele fevereiro está mais próximo do próximo do que daquele que foi nosso. Mas, aquele carnaval ainda samba aqui, aqui dentro, do jeitinho que eu previ naquela noite.

Na noite em que dissemos e mal mal pudemos acreditar no que ouvimos um do outro. Debaixo daquela folia, embolada nos seus braços e fugindo de um frio inventado, eu inventei de dizer que aquilo renderia o resto do ano. E os deuses carnavalescos, da paixão efêmera típicas daqueles dias, parecem ter me ouvido e rezado essa reza ao longo dos meses que já não eram mais tão seus. E decidiram por não fazer esse sentimento tão efêmero assim...

E o verão passou, mas continuou queimando tudo isso. O inverno chegou pra esfriar o que não era assim tão fácil de congelar. O outono, timidamente, veio der re t e n do tudo de novo. Foi quando pude te sentir novamente. Não como quem se esqueceu um dia, mas como quem sentiu de novo a vontade e o desejo de todo aquele sentimento. E agora ela, a primavera. Chega para desabrochar e fazer ainda mais bonito aquilo que esteve ali, durante todo o ano, mas que, por vezes, se escondeu e murchou aos olhos de dois corações desatentos.

sábado, 26 de setembro de 2009

Em resposta, te escrevo.

Peço licença para futuras mentiras, mas, me permita algumas verdades. Quero apenas tornar esse momento mais nosso, já que só dessa forma parecemos mais próximos. Nós, que sempre fomos assim, inconstantes, efêmeros. Distantes. Unidos por uma tênue ligação quase que telepática, que se rompe, às vezes, nos encontrando em meteóricos sinais amarelos. Nunca verdes para seguirmos juntos. Nunca vermelhos para pararmos tudo.

Dessa vez, quem tem vontade sou eu. Queria me perder por essa noite, tão densa, ao seu lado. Descobrir e desvendar seus becos escuros, seus bares sujos e sua companhia. Sentar em uma esquina e ver o negro do céu desbotando à luz do tímido sol que chega inaugurando mais uma manhã. Poder recostar no seu ombro e dormir se assim quiser. Descansar os pés do salto que me sustentou toda a noite, em parceria com as tantas cervejas que viramos juntos.

Quero um botequim, que não feche enquanto nossa conversa versar e nossos olhos se olharem. Quero nossos sorrisos complacentes e encantados, rindo de tanto desencontro. Quero promessas de que eles não mais acontecerão, mas quero que se desfaçam assim que beijar-lhe o rosto, me despedindo.

Ou quero seu quarto. Com todos os filmes, músicas e telas. Com aquele velho violão no canto, que um dia você dedilhou pra mim. Quero poder observar, falar, ouvir. Admiração? Acho que sim. Mas, se quer um destrato, deixo de lado toda a admiração que tenho por ti e venho dizer da maneira tão displicente que me põe em sua vida. Como se não fizesse falta. Te vejo seguir em frente, sempre em frente. Mas, nunca me convidou a andar ao seu lado, a conhecer seus passos.

Contudo e com tanto, e em resposta, te respondo, estou sim, quase explodindo de saudade.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Lado A/ Lado Bê

Vivo o lado A desde que nossa vida enraizou-se em ser feita de desencontros. Vejo que alimentamos tantas intempéries em busca de um tom mais poético, versado. Engraçado, já não lembro a última vez em que nossos olhos pararam um no outro. Pararam para ver, observar, se deixar encantar por cada canto de detalhe, cada esquina que não nos separe.

Lembro de quando me mostrou a cidade, esta, que você tanto ama e versa em versos ora saudosistas, ora decadentes. Lembro de como as luzes brilhavam. Pareciam cintilar e você disse ver o mar, ali, logo depois do limite da claridade.
E descemos a estrada, serpenteando as curvas com frases mal feitas e músicas da velha idade. Aquele momento, tão único, tão último, já se foi há algum tempo. Hoje só te encontro em encontros de desencontros. Passando. Sorrindo. Calado.

Minha fita se esvai. O lado A já quase acaba e já não quero mais essa sequência. Quero você. O lado Bê. Aquele solto, leve. Aquele que vive como quem se esqueceu do que há lá fora, como quem sabe de tudo o que se passa. Quanta coisa passa por debaixo desse chapéu. Quantos versos incertos, mas certos para cada momento. Quanta prosa imprópria, mas tão justificada em sua própria e simples autoria. Quanta euforia sucumbida em linhas complementares. Quantas lágrimas estancadas no gelo da vodka que te embebeda nos invernos e primaveras.

Te vejo em um skate, naquela rua mal iluminada da sua casa. Num deleite entregue naquela montanha perdida que você encontrou um pedaço de mim. Confesso sentir sua falta, a falta da sua presença tão rara e marcante. Tão efêmera e intensa.

O que anda lendo? O que anda vendo? E ouvindo?

O que se passa no lado Bê? Queria poder saber...

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

A vontade


Você vem assim, como um leve descompasso que chega compassando sorrateiramente a minha vida. Os nossos desatinos são os únicos que atinam para as nossas vontades. Sem pedir a menor licença, aí está você, mais uma vez. Pronto para me derrubar a qualquer momento - na vida, na cama, na lama. Eu vivo na corda bamba. Te deixo chegar, pode vir. Também quero você por perto, pelo menos por enquanto. Existem pessoas que acendem enquanto todas as outras estão opacas diante de olhos que procuram por luz. Pessoas que merecem a doçura do carinho, o crédito da foto, o justificar do versar. Diferente de outras que não merecem a entrega da confiança, o sonho da aliança e o encanto do amar.

Os momentos voltaram. Os bons. Chegaram como quem ansiava por revivê-los, como quem tinha saudade. Não, já não é como antes. E não sei o que houve, ainda não tive tempo para pensar. Está ao Deus-dará, como sempre digo. Solto, impreciso. O que passou se amontoou em páginas de uma estória que tinha dado como esquecida. Mas, esses ventos de agosto sopraram tudo novamente e mostraram algumas folhas em branco. Tudo bem, eu escrevo. Sem vislumbre de final feliz de conto de fadas, sem príncipes medievais no século vinte e um e sem promessas e certezas. A princesa, florzinha, gatinha – não importa - agora, só quer contar bons contos.

Quero mais sorrisos, mais abraços. Mais desejo, mais encanto. Quero um canto desafinado que me faça uma companhia despretenciosa. Um cortejo mentiroso que me traga a alegria de um carnaval. Quero um olhar que ria, que alucine, que admire. Um riso que me faça esquecer dos sons, da crise, do release. Um braço que abrace e me amasse debochando do frio lá fora. Quero um carinho sincero, indiscreto, concreto.

Quero ficar à vontade nas vontades. Quero verdade, de verdade.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

De (mim) repente (para você)


Sabe, não preciso de grandes momentos para fazer de tudo um grande momento.
Uma conversa versa com um olhar, que, se sorri, ri pedindo abraço.

Olhe, meu bem, o compasso de tudo...
Assim, leve e impreciso. Solto, beirando ao Deus-dará. Sem pressa, sem medo de errar.

Foi assim, sem mais nem menos. Um pouco mais, um pouco menos. Com peculiaridades e gestos simples, que, se vistos com olhos de quem não apenas olha, desvendam aspectos incríveis. Até então, impercebíveis.

Você foi desdobrando-se em um papel que eu não poderia imaginar ser possível em ti. Um alguém muito além de toda a pose. De toda a segurança inabalável que aparenta ter. Um alguém humano, que diz "eu amo" sem se importar com o que sente o outro lado.

Diz eu te amo porque ama. Ama sendo loucamente amado. Ama sem ser amado. Mas ama e isso basta ao coração.

São nesses olhos que eu vejo um vislumbre de felicidade. Ela vem chegando e você mal se deu conta disso. Vem sorrateira. Brincando. Rindo dos contra-tempos que você viveu, dizendo baixinho “tenha calma”.

As marcas do que passou vão além do que se possa ver e, até mesmo, além do que você possa entender. Mas olhe, querido, não é o momento de se perguntar quem, porquê, como, quando e onde, deixe isso comigo, eu o farei em meus rabiscos e ensaios de jornalismo.

É simples. Nem sempre tem que fazer um sentido explícito. Deixo tudo assim.. por entender, por ser entendido (ou não). É nesse encontro que eu te encontro. Ali quando o ponteiro do relógio quase se despede. Na fração de segundo que você deixa de impor para por em vida, toda a vida.

domingo, 10 de maio de 2009

Tempo


Já não te vejo mais.
Nem com os mesmos olhos que um dia tanto souberam te entender.
Nem com o mesmo coração que um dia tanto te quis.
Já não te sinto por perto. Você fez questão de por os tantos mil quilômetros que nos distanciam em questão.
As palavras e promessas se perderam no tempo e o nosso tempo começa agora.
O tempo que vamos dar um do outro, afim de trazer de volta a amizade em sua manifestação mais pura e ingênua.
O nosso tempo juntos, onde éramos mais do que os outros podiam ver, acabou.
Acabou com a mesma efemeridade que começou. Com o mais intenso sentimento que possa existir.
Hoje voltamos a ser o que eles sempre acharam que fossemos. Ou tentaremos voltar a ser.
Difícil depois de tudo o que houve.
Tudo e tanto.
Com amor e pranto.
Bom não te ver, amor. Quem sabe assim o tempo se esqueça de nós dois. Ou eu esqueça de ti.
De ti amor, pois de ti amigo, jamais.
Se é de seu agrado saber se tanto quero assim, não. Esse comportamento tão racional não é tão inerente a mim.
Sou mais coração, não se lembra?
Com choro e vela e com as coisas mais belas. Com todo aquele tom melodramático que sempre fiz para as minhas frustradas histórias de amor.
Mas não me estranhe agora, é preciso que seja assim.
Quem sabe não é dessa forma que tudo deva ser. Assim como sempre foi.
Não, não são palavras minhas. Percebe como soam estranhas partindo de mim?
Mas é disso que me alimento para tentar não pensar no que se passou. Nos dias e noites. Perto e longe.

E agora é cada um.. cada um.. (?)

segunda-feira, 16 de março de 2009

(chega de) Saudade


São em momentos assim que tudo ganha nova cor: a falta de cor.
O sorriso se esconde nos lábios e fica esquecido de tão perdido em lembranças.
O olhar vaga por aqueles lugares, se atêm a cada rosto em busca de um único. Que não está ali.
O pensamento já não pensa de tão triste que está!


Ah... saudade! Vilã das minhas noites mal dormidas, dos meus dias desconcentrados. Já não sei se hoje é ontem ou se ontem será igual amanhã. Sem você não faz tanto sentido assim. Os dias no calendário já cochicham debochados ao ver eu os contando com os dedos.
Ah, esse tempo! Ele custa quando imploramos ajoelhados para que ande rápido e quando sonhamos com um slow motion, ele acelera as cenas.


...e agora é só tristeza e melancolia que não sai de mim, não sai de mim, não sai...


Saudade.. saudade! A minha não tem a beleza de uma bossa-nova que ecoa dos velhos botequins da Lapa. Ou tem?! Tem! Na verdade, é tudo culpa dessa vontade de fazer da vida uma grande história! De fazer até dessa ausência um drama poético que me renderá versos e versos, tristes, confesso.
Mas não faz mal. Saudade é isso mesmo. É um tango argentino; ras_te_jan_te, DRAMÁTICO. Te agarra pela cintura e resta a você, mero sentimental, ceder. Deixe-se levar. Agarre-se também. Isso, desça dessa falsa fortaleza. Feche os olhos, deixe que elas venham.. as lembranças. Sinta. (re)Viva. Sofra. Chore. Mas só por uma música. Ah.. sim, por favor! Duas eu não agüentaria. Doeria demais.


Cansei dos tangos, amor. Dançar com a saudade é triste, você não acredita como ela sabe ser cruel. Venha você e seu samba. Não, não terá que dançar, eu sei que você não sabe, mas se quiser, tem o meu aval. Vem fazer do meu coração só carnaval. Venha você! Malandro, moleque. Solto. Amante, amigo. Com sorriso no rosto.
Pra ver nos seus olhos aquele sentimento tão bem guardado. Pra sentir aquele silêncio que eu tanto quis romper. Pra já não tentar entender.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Ai, cansei

Quer saber? Cansei!
Cansei de acreditar que eu não poderia dizer o que penso sem retaliações. "YES, WE CAN!" como diria o mais novo grande ídolo do Mundo.

"Quem tá cansado levanta a mão..."

(Foto: AFP)


Posso!
"Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém... Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim... E ter paciência para que a vida faça o resto..." William Shakespeare (Shake Britney Spears?)
"Se você não se atrasar demais, posso te esperar por toda a minha vida." Oscar Wilde
"Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las." Voltaire

O que todos esses pensadores têm em comum, além de seus nomes terminarem com a letra E?
Todos eles podem algo em suas frases.

E eu também. Vou dizer o que quero, por que cansei dessa autocensura (maldita reforma ortográfica).

Você devia fazer o mesmo, revoltar-se e sair por aí falando o que pensa do dia de ontem. Sobre o dia de hoje, sugiro que apenas reflita, para que amanhã possa escrever com mais energia e sem remorsos. A moral de hoje não é a mesma moral de ontem, deixando-nos livres pra PODER.

Liberte-se, canse e exponha o que pensa. Mas por favor, lembre-se de expor e debater somente o que possa trazer algum crescimento ao seu meio, não apenas pra encher o saco do outro com inutilidade. "Inutilia Truncat!" como dizia a escola literária do Arcadismo.


Cansou? I CAN SAY!