domingo, 23 de maio de 2010

vivia se escondendo pelos becos escuros da zona sul, sorrindo na farsa da alta sociedade. gozava de mãos dadas ao lado de um homem que não era seu. nada podia chamar de meu. acabou perdeu-se dentro de sim mesma e conheceu os cantos mais profanos de um ego.

até que um dia abriu os olhos e (re)começou.

limpou-se da maquiagem barata dos olhos. buscou sua blusa branca no fundo da gaveta e partiu. jogou meia dúzia de roupas nas costas e bateu a porta de casa num estampido mudo. saiu com cinco pontos finais no bolso. subiu até o décimo andar do prédio espelhado e deixou um por debaixo da porta. era hora de ser forte. nada de beijo, carta, abraço ou amasso. desceu pelas escadas para fazer com que o momento durasse ainda mais e para testar até quantos lances ela desistiria e voltaria atrás. cruzou a rua e virou à direita, seguindo a firmes passos até o fim de uma rua sem saída. sem saída, deixou um ponto no chapéu do menino. para ela, valia muito mais e custava muito mais do que todas as somas de notas que já correram e escorreram ali. até que serpenteou estrada abaixo e parou perto da primeira montanha. os cabelos eram outros. mais curtos e lançados aos ombros, davam movimento ao novo batimento de suavida. bateu na porta e esperou que viesse. suspirou. suspiraram. abriu meio sorriso para que ele completasse a outra metade. e assim o fez. desceu a mão pela cintura e segurou firme os três pontos que ainda restavam...

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